
FMI e Banco Mundial se desviaram do 'propósito', diz secretário do Tesouro dos EUA

O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, criticou, nesta quarta-feira (23), o que qualificou de agendas "desfocadas" do FMI e do Banco Mundial (BM) e pediu às duas instituições que se concentrem em "seu propósito" e dediquem menos tempo às mudanças climáticas e a temas sociais.
Embora o Fundo Monetário Internacional e o BM desempenhem um papel fundamental na economia mundial, "com o status quo, estão ficando aquém", disse Bessent, à margem das reuniões da primavera destas organizações financeiras, em Washington.
Seus comentários chegam em um momento de grande preocupação com a hipótese de que o governo do presidente americano, Donald Trump, se retire das duas instituições.
Bessent considerou que o FMI dedica "um tempo desproporcional" às mudanças climáticas, a questões de gênero e outros temas sociais.
"A administração Trump deseja trabalhar com eles, sempre que se mantenham fiéis a suas missões", disse Bessent, acrescentando que o FMI deveria se concentrar na cooperação monetária mundial e na estabilidade financeira.
O Banco Mundial, afirmou, deveria se concentrar em funções básicas, como ajudar os países em desenvolvimento a fazer crescer suas economias, reduzir a pobreza e impulsionar o investimento privado.
Após seu discurso, Bessent informou a jornalistas que se reuniu com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga.
As declarações "não foram uma surpresa para eles", declarou. "Acredito que são bons líderes e espero que ganhem a confiança da administração nos próximos meses com suas ações", acrescentou Bessent. "Devem dar um passo atrás em suas agendas dispersas e desfocadas".
Ele pediu que o FMI seja mais duro com os tomadores de empréstimos porque o Fundo "não tem a obrigação de emprestar a países que não aplicam reformas".
"A estabilidade econômica e o crescimento deveriam ser os indicadores de sucesso do FMI, não a quantidade de dinheiro que a instituição empresta", afirmou.
Um porta-voz do FMI declarou a jornalistas que o Fundo espera continuar colaborando com o governo americano.
Quanto ao Banco Mundial, Bessent afirmou que a instituição tampouco deveria "seguir esperando cheques em branco". Ele acredita que a instituição poderia usar os recursos de forma mais eficiente, ajudando os países emergentes a impulsionarem o acesso à energia com "tecnologias confiáveis", ao invés de perseguir metas de financiamento climático distorcionárias", ou seja, que causam distorções.
Isto poderia significar investir na produção de gás e outras energias baseadas em combustíveis fósseis, disse.
Mas, Bessent elogiou os esforços do banco em eliminar as restrições ao apoio à energia nuclear.
Por outro lado, considerou "absurdo" que a China continue sendo considerado um país em desenvolvimento e disse que não se preocupa de que o FMI tenha reduzido as perspectivas de crescimento para os Estados Unidos.
Quanto às tarifas alfandegárias impostas por Trump, que sacudiram os mercados de ações ao redor do mundo, Bessent espera ter mais clareza por volta do terceiro trimestre do ano e confia em que os efeitos da desregulamentação também comecem a ser notados nesse momento.
X.Francois--PS