
China eleva tarifas sobre produtos dos Estados Unidos para 125%

A China anunciou, nesta sexta-feira (11), que aumentará as tarifas sobre os produtos dos Estados Unidos para 125%, aprofundando ainda mais a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Essa resposta provocou mais agitação nos mercados, com quedas nas bolsas europeias, uma escalada do ouro e uma queda do dólar.
Em uma mensagem em sua plataforma, Truth Social, o presidente americano, Donald Trump, seguiu defendendo sua estratégia nesta sexta-feira: "Estamos fazendo isso realmente bem".
"Muito emocionante para os Estados Unidos e o mundo", escreveu.
Mas em um sinal da crescente preocupação dos investidores com a saúde da economia americana sob o governo Trump, o dólar caiu a um mínimo em três anos perante o euro.
Em Pequim, a Comissão Tarifária do Conselho de Estado afirmou em nota que "a imposição por parte dos Estados Unidos de tarifas anormalmente elevadas contra a China viola gravemente as normas comerciais internacionais, as leis econômicas básicas e o bom senso".
E anunciou que a partir de sábado aplicará tarifas de 125% para os produtos americanos, em represália pelas taxas de 145% impostas às importações chinesas nos Estados Unidos.
Pequim disse que não seguirá aumentando mais suas tarifas, embora Washington continue a fazê-lo.
Pequim anunciou que também apresentará uma demanda na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a mais recente série de tarifas de Trump, depois de ter recorrido esta semana ao organismo.
Os economistas advertem que as barreiras ao comércio entre as economias chinesa e americana, estreitamente ligadas, ameaça as empresas, aumentará os preços para os consumidores e poderia causar uma recessão global.
Ipek Ozkardeskaya, analista do bando Swissquote, considerou que a magnitude das tarifas é tanta "que não tem mais sentido".
"Mas na China, está claro que agora estão dispostos a chegar tão longe quanto for necessário, já que renunciaram a ganhos a curto prazo em troca de um alívio a longo prazo", disse à AFP.
- "Resistir juntas" -
Donald Trump anunciou, na quarta-feira, uma pausa de 90 dias nas tarifas que havia acabado de anunciar contra 60 parceiros comerciais, uma isenção que exclui a China.
Washington, no entanto, mantém tarifas mínimas de 10% e taxas alfandegárias de 25% sobre o aço, o alumínio e os automóveis, que afetam a União Europeia.
O presidente chinês, Xi Jinping, fez um apelo à União Europeia (UE) por uma resistência conjunta à "intimidação".
Em uma reunião em Pequim com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o chefe de Estado da segunda maior economia mundial destacou a necessidade de cooperação entre as potências diante da guerra comercial iniciada por Trump.
"China e UE devem assumir suas responsabilidades internacionais, proteger juntas a globalização econômica (...) e resistir juntas a qualquer assédio unilateral", afirmou Xi.
"Tanto a Espanha como a Europa têm um importante déficit comercial com a China no qual devemos trabalhar para sanar", afirmou o líder Sánchez.
"Mas não devemos permitir que as tensões comerciais interfiram no potencial crescimento de nossa relação, entre China e Espanha e entre China e a UE", acrescentou.
O comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, se reunirá na segunda-feira (14) em Washington com funcionários de alto escalão do governo americano para tentar evitar um agravamento das tensões comerciais, informou a Comissão Europeia.
- Nova disputa com o México -
A União Europeia decidiu suspender as medidas de retaliação preparadas "para dar uma oportunidade às negociações", depois que Trump pausou as chamadas "tarifas recíprocas".
Contudo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu que o bloco tem um "amplo leque de contramedidas", como adotar tarifas contra as receitas publicitárias das plataformas digitais americanas dentro do bloco.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Cristine Lagarde, disse que a instituição está "preparada para intervir" em caso de risco para a estabilidade financeira na zona do euro.
Do outro lado do Atlântico, o presidente dos Estados Unidos voltou a ameaçar o México na quinta-feira com "tarifas e talvez sanções", até que o país cumpra um tratado de 1944 e "dê ao Texas a água que deve".
O tratado citado estabelece que México e Estados Unidos compartilhem as águas dos rios Grande (que os mexicanos chamam de Bravo) e Colorado, que seguem ao longo da fronteira entre os dois países.
Mas quando o tratado foi assinado, o texto não considerava problemas futuros de seca nem o aumento da população, o que gerou divergências.
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X.Francois--PS