
Rússia está 'arrastando' Pequim para conflito ao recrutar chineses, diz Zelensky

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou, nesta quarta-feira (9), que a Rússia está "arrastando" a China para o conflito e disse que o governo de Pequim está a par dos esforços de Moscou para recrutar cidadãos chineses para lutar na Ucrânia.
Zelensky assegurou que a Ucrânia identificou 155 chineses destacados no front, um dia depois de anunciar a captura de dois deles.
A China não reagiu a estas novas acusações, porém mais cedo desqualificou as afirmações feitas por Kiev na terça-feira de que vários chineses lutam ao lado do Exército russo na Ucrânia.
As autoridades de Moscou "estão arrastando outros países para o conflito. Acredito que agora estão arrastando a China", declarou Zelensky, nesta quarta, a um grupo de jornalistas, entre os quais da AFP.
O presidente ucraniano disse, ainda, que "há 155 pessoas identificadas por seus nomes e número de passaporte que estão lutando contra os ucranianos no território da Ucrânia" e afirmou que a "China está a par".
"Não afirmamos que alguém tenha dado uma ordem, não dispomos dessa informação", acrescentou.
Zelensky disse acreditar que haja "muitos mais" e assegurou que está reunido mais informações.
Um alto funcionário ucraniano compartilhou com a AFP um documento com os supostos nomes e dados de passaporte de 168 cidadãos chineses que a Ucrânia diz terem sido recrutados pelo Exército russo, segundo suas informações de inteligência.
Mais tarde, Zelensky afirmou que a "implicação" de cidadãos chineses nos combates é uma prova de que a Rússia quer prolongar a guerra, que começou em fevereiro de 2022, com a invasão das tropas russas ao país vizinho.
- "Sem fundamento" -
Zelensky afirmou, na terça-feira, que o Exército ucraniano capturou dois cidadãos chineses que lutavam ao lado das tropas russas no leste da Ucrânia.
O presidente ucraniano publicou um vídeo no qual supostamente aparece um dos soldados chineses, vestindo uniforme de combate e com as mãos amarradas, enquanto tenta descrever para alguém fora do enquadramento o que parece ser um confronto do qual participou.
Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, informou que seu governo "realiza verificações com a Ucrânia sobre este assunto", mas qualificou como "sem fundamento" as acusações feitas por Kiev na véspera de que vários cidadãos chineses estejam lutando com o exército russo.
"Quero ressaltar que o governo chinês sempre pediu a seus cidadãos que se mantenham afastados das zonas de conflito armado, evitem se envolver em conflitos armados de qualquer forma e participar das operações militares de qualquer parte", enfatizou.
O Kremlin, por sua vez, se recusou a comentar o anúncio.
"Não posso fazer comentários sobre esta questão", declarou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, ao ser perguntado sobre o tema durante uma coletiva de imprensa.
O.Bruneau--PS