
Trump anuncia negociações diretas com Irã sobre programa nuclear

O presidente Donald Trump afirmou que os Estados Unidos iniciaram conversações diretas com o Irã sobre seu programa nuclear, mas Teerã classificou as negociações como "indiretas", antes do primeiro encontro entre representantes dos dois países no sábado em Omã.
O anúncio surpreendente aconteceu durante uma reunião na segunda-feira (7) entre Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no Salão Oval da Casa Branca.
O presidente americano afirmou que tinha esperanças de chegar a um acordo com Teerã, mas advertiu que a República Islâmica enfrentará um "grande perigo" em caso de fracasso das negociações.
"Temos uma reunião muito importante no sábado e trataremos com eles diretamente", afirmou Trump, em referência aos iranianos.
"Talvez se chegue a um acordo, isso seria fantástico. Nos reuniremos no sábado em um encontro muito importante, quase ao mais alto escalão", acrescentou, sem informar onde acontecerá o encontro.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, confirmou negociações no sábado no Sultanato de Omã, mas destacou que eram "indiretas".
A agência local de notícias Tasnim anunciou nesta terça-feira que o próprio Araqchi comparecerá ao encontro, assim como o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff.
"É tanto uma oportunidade como um teste. A bola está no campo dos Estados Unidos", destacou o chanceler iraniano no X.
Em 2015, Teerã concluiu um acordo com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido), além da Alemanha, para supervisionar suas atividades nucleares. O texto previa uma flexibilização das sanções, em troca da supervisão das atividades nucleares iranianas.
Em 2018, durante seu primeiro mandato, Trump retirou os Estados Unidos do pacto e retomou as sanções. Em represália, o Irã acelerou seu programa nuclear.
- Desmantelamento "completo" -
Lideradas por Washington, as potências ocidentais acusam há décadas Teerã de querer desenvolver armas atômicas. O Irã nega as acusações e afirma que suas atividades nucleares têm fins exclusivamente civis.
O anúncio de Trump ocorreu apesar da rejeição por parte do chanceler iraniano, no domingo, de negociações diretas sobre um novo acordo nuclear.
"Não faria sentido negociações diretas com uma parte que constantemente ameaça usar a força (...) e cujos diferentes funcionários expressam posições contraditórias", afirmou Abbas.
Trump assegurou na segunda-feira que um novo acordo seria "diferente e, talvez, muito mais sólido".
O Irã pretende consultar seus parceiros mais próximos sobre a questão, Rússia e China.
Netanyahu, que adota uma linha dura contra Teerã, declarou na Casa Branca que o objetivo é garantir que o Irã nunca fabrique uma arma nuclear, e pediu negociações diplomáticas que levem a um desmantelamento "completo" das instalações iranianas.
Trump enviou no mês passado uma carta aos líderes iranianos pedindo negociações sobre o programa nuclear. Mas, ao mesmo tempo, ameaçou bombardear a República Islâmica caso a diplomacia fracasse, além de impor novas sanções ao setor petrolífero iraniano.
O Irã não busca ter a arma atômica, mas "não terá outra opção", senão fazê-lo, se for atacado pelos Estados Unidos, advertiu nesta segunda-feira Ali Larijani, conselheiro do líder supremo da república islâmica, o aiatolá Ali Khamenei.
Irã e Estados Unidos, aliados próximos durante a monarquia dos Pahlavi, não mantêm relações diplomáticas desde 1980, um ano após a Revolução Islâmica.
Ambos os países trocam informações de forma indireta por meio da embaixada da Suíça em Teerã. O sultanato de Omã e o Catar também desempenharam papéis de mediadores no passado.
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N.David--PS