
Congresso dos EUA abre a via para cortes fiscais de Trump

O Congresso americano aprovou, nesta quinta-feira (10), uma resolução orçamentária que abre a via para medidas emblemáticas da agenda do presidente Donald Trump, sobretudo os cortes de impostos.
A resolução não é um orçamento propriamente dito, mas uma diretriz sobre os níveis de gastos futuros do Estado federal. Tem como objetivo dar às comissões parlamentares instruções e os montantes com os quais poderão moldar as dotações orçamentárias.
Trump saudou os congressistas em sua plataforma, Truth Social. Ele diz que o texto "prepara o terreno" para os "maiores cortes fiscais e regulatórios já contemplados".
O texto enfrentou a oposição dos democratas, preocupados com possíveis cortes em alguns programas públicos, e também de vários republicanos.
Mas acabou sendo aprovado por 216 votos favoráveis e 214 contrários na Câmara de Representantes, após ter sido aprovado pelo Senado no sábado.
O presidente republicano da Câmara de Representantes, Mike Johnson, conseguiu fazer com que os dissidentes de seu partido se alinhassem às diretrizes da Casa Branca.
Apoiadores fervorosos da ortodoxia orçamentária e, portanto, da redução do déficit, estes congressistas rebeldes rejeitavam a versão atual porque prevê apenas 4 bilhões de dólares (R$ 23,6 bilhões) em cortes nos gastos federais, enquanto eles gostariam que o enxugamento se aproximasse de 1,5 trilhão de dólares (R$ 8,8 trilhões).
Uma das prioridades do governo é prorrogar os créditos fiscais maciços do primeiro mandato de Trump, que vencem no fim do ano.
Segundo estimativas do ano passado do centro de reflexão Center for American Progress, próximo dos democratas, tornar permanentes estes "créditos fiscais" representaria um custo por ano ao estado federal de 400 bilhões de dólares (R$ 2,47 trilhões, em dezembro de 2024) pelos próximos dez anos.
Em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira, antes da votação, Johnson afirmou que a resolução permite "avançar no programa muito importante do presidente Trump". Ele citou "a segurança fronteiriça", "a dominação energética americana", e "obviamente, também, os créditos fiscais".
Johnson mostrou-se conciliador com os congressistas resistentes.
- Compromisso verbal -
"Estamos determinados a encontrar pelo menos 1,5 trilhão em economias para os americanos", afirmou, ao lado do líder da maioria republicana no Senado, John Thune.
Trata-se por enquanto de um compromisso verbal, mas que conseguiu convencer os republicanos indecisos.
Os democratas se opuseram em bloco a este texto que, segundo eles, abre a via para o desmonte sistemático da previdência social, que nos Estados Unidos paga pensões e algumas ajudas públicas, e do Medicaid, o seguro de saúde de muitos americanos de renda mais modesta.
Vários especialistas em orçamento alertam que para reduzir os gastos do Estado federal em 1,5 trilhão de dólares será preciso fazer cortes importantes nestes programas.
Mike Johnson nega e Trump já disse em várias ocasiões que não tem a intenção de tocar no Medicaid.
Atacar este programa público, muito popular, poderia de fato ser muito arriscado nas urnas para o presidente e os republicanos.
I.Masson--PS