
República Dominicana tenta agilizar entrega de corpos após desabamento de boate

A República Dominicana tenta agilizar, nesta sexta-feira (11), as autópsias e a liberação dos corpos das mais de 200 vítimas do desabamento da boate em Santo Domingo, enquanto familiares desesperados se reúnem do lado de fora do necrotério.
Pelo menos 221 pessoas morreram depois que o teto da boate Jet Set desabou na madrugada de terça-feira, 8 de abril, durante uma apresentação do popular cantor Rubby Pérez, uma das vozes mais icônicas do merengue dominicano.
Pérez morreu no acidente e foi velado na quinta-feira no Teatro Nacional.
Uma lista com os nomes dos mortos foi fixada na lona de uma tenda próxima ao necrotério, lotada de pessoas. As famílias pedem para enterrar as vítimas o mais rápido possível.
"Foram muitos dias de espera, muitos dias de incerteza, tem sido muito duro, muito difícil para nós", disse à AFP Fany Martínez, de 46 anos. A mulher aguarda a liberação do corpo da irmã, que morava na Espanha e estava visitando a ilha.
No entanto, o número de mortos na pior tragédia da história da ilha sobrecarrega as equipes periciais.
O ministro da Saúde, Víctor Atallah, pediu paciência. "Ninguém ficará sem identificação e ninguém ficará sem resposta", prometeu. "Vamos mover cada pedra que precisar ser movida".
As autoridades informaram que realizaram 123 autópsias até a tarde de quinta-feira. Para agilizar o processo, 12 médicos legistas foram contratados temporariamente, além de equipe de apoio técnico, informaram o Ministério Público e o Ministério da Saúde.
Mesas adicionais também foram montadas para autópsias, "que foram realizadas sem interrupção desde o início do incidente". Está sendo analisado ampliar o trabalho do Instituto Nacional de Ciências Forenses usando necrotérios de alguns hospitais.
- "É momento de esclarecer" -
O governo prorrogou o luto nacional por mais três dias e anunciou a criação de uma comissão de especialistas nacionais e internacionais para apurar as causas do que é considerada a pior tragédia dos últimos anos no país caribenho.
Imagens aéreas mostram o enorme buraco que ficou após o desabamento do teto. Mais de 300 pessoas trabalham para remover os escombros, com um guindaste removendo blocos.
Martelos hidráulicos também foram utilizados. Dois cães ajudaram a detectar vestígios humanos.
"É hora de esclarecer e agir com prudência", disse o porta-voz da Presidência Homero Figueroa. "Este estudo técnico será conduzido com total transparência".
A cidade vizinha de Haina organizou um funeral coletivo para cerca de vinte pessoas na quinta-feira em uma quadra de basquete. Parentes ficaram ao lado dos caixões de seus entes queridos, colocados lado a lado.
No Teatro Nacional de Santo Domingo, uma multidão em lágrimas e com canções se despediu da estrela do merengue Rubby Pérez. Familiares, amigos e fãs soltaram balões brancos do lado de fora.
O presidente Luis Abinader compareceu à cerimônia fúnebre que antecedeu ao velório com a presença de centenas de pessoas que passaram em frente ao caixão.
Z.Garcia--PS