
República Dominicana se despede das vítimas do desabamento em casa noturna

A República Dominicana começou a se despedir, nesta quinta-feira (10), dos mais de 200 mortos no desabamento de uma boate em Santo Domingo, com funerais emotivos e uma capela-ardente para o cantor popular Rubby Pérez, que também morreu sob os escombros.
O teto do clube "Jet Set" desabou na madrugada de terça-feira durante uma apresentação de Pérez, uma das vozes mais icônicas do merengue. Os socorristas terminaram de retirar restos humanos dos escombros de chapas de zinco e barras de aço.
Parentes, amigos e fãs de Pérez soltaram balões brancos nos arredores do Palácio Nacional, pouco antes da saída do carro fúnebre com o caixão do intérprete de sucessos como "Enamorado de Ella" e "Buscando tus besos".
"Voltarei... Você será minha estrela, se você me esperar, voltarei!", cantava em espanhol Alina Caminero nos arredores do local onde ela, sua irmã, Julia, e outras dezenas de pessoas se despediram de seu ídolo.
"Rubby é história, Rubby é um artista do povo, simples, que saiu da pobreza", disse à AFP Caminero, de 56 anos. "Rubby representa a dominicanidade... Rubby para sempre", disse.
O presidente Luis Abinadez acompanhou a cerimônia fúnebre, da qual participaram centenas de pessoas, que passaram em fila em frente ao caixão.
Zulinka Pérez, filha do cantor, entoou durante o funeral alguns dos versos que deram fama ao pai, como "Del amor estoy enamorada" (Estou apaixonada pelo amor) e "A punto de estallar está mi alma por amor" (Minha alma está prestes a explodir de amor).
A cidade vizinha de Haina organizou um funeral coletivo para cerca de 20 pessoas em uma quadra de basquete. Os familiares ficaram ao lado dos caixões de seus entes queridos, dispostos um ao lado do outro.
O governo dominicano prorrogou o luto nacional por três dias mais e anunciou a criação de uma comissão de especialistas nacionais e do exterior para determinar as causas do ocorrido.
"É o momento de esclarecer e agir com prudência", disse o porta-voz da Presidência, Homero Figueroa. "Esse estudo técnico será feito com total abertura", acrescentou.
- "Possivelmente" mais mortos -
Mais de 300 socorristas trabalham para tirar os escombros, apoiados por um guindaste da construção, que retira os blocos. Martelos hidráulicos também foram usados.
Dois cães ajudam a detectar restos humanos em meio às ruínas.
Do alto era possível ver a estrutura com o enorme buraco deixado pelo teto quando desabou, nesta que é considerada a pior tragédia dos últimos anos neste país caribenho.
"Infelizmente, temos neste até este momento um balanço de 221 mortos", disse à imprensa o chefe das operações de resgate, Juan Manuel Méndez. "Nossos brigadistas já estão concluindo os trabalhos" de busca.
Parentes das vítimas se aglomeram no necrotério para pedir informações. Uma lista com os nomes dos mortos foi colocada na lona de uma barraca de camping vizinha lotada de gente.
A lista inclui estrangeiros: um haitiano, um italiano e dois franceses, além de um americano anunciado previamente.
O ministro da Saúde, Victor Atallah, antecipou que "possivelmente há mais" mortos entre os escombros.
"Ninguém vai ficar sem identificar e ninguém, sem ter uma resposta", declarou à imprensa. "Vamos mover até a última pedra que seja preciso mover e vamos buscar tudo o que tiver para buscar".
Méndez reportou, ainda, que 189 pessoas foram "resgatadas com vida" desde a terça-feira. As autoridades descartaram na véspera a possibilidade de encontrar novos sobreviventes.
C.Blanc--PS